quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A saudável distância

Já não me impressiono mais como tudo pode mudar em 12 meses, já que o pior aconteceu em apenas um dia e muito mudou só da última segunda-feira pra cá.

A atitude agora é a que eu deveria ter adquirido desde sempre. Afastar-me. Não digo sumir, apenas manter uma saudável distância. A dor da distância é grande, torna-se impossível de lidar só de ousar pensar nela. No entanto, evitar mais sofrimento é meu novo princípio. Já basta aquela dor inerente sempre presente. Sempre entre 7 e 8 na escala de 0 a 10.

Fingir ser riso a dor que deveras sinto. Se é assim que quero, terei. Quando quiserem inteiro, não pela metade, favor avisar. Quem sabe ainda seja possível. Pois, no momento, é mesmo preciso colocar tudo isso numa caixa minúscula, aparentar não muita importância e desviar de grandes contatos. Só assim para conseguir acordar e seguir.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Ele me esquecerá. Deixará sem resposta minhas cartas [...]. Eu lhe mandarei poemas, talvez ele responda com um cartão-postal. Mas é por isso que o amo. Proporei um encontro – debaixo de um relógio, ou numa encruzilhada; esperarei, e ele não virá. É por isso que o amo. Ele se afastará da minha vida, esquecido, quase inteiramente ignorante do que foi para mim. E, por incrível que pareça, entrarei em outras vidas; talvez não seja mais que uma escapada, um simples prelúdio. [...] continuarei a deslizar para trás das cortinas, para o seio da intimidade, em busca de palavras sussurradas a sós. Por isso parto, hesitante mas altivo; sentindo uma dor intolerável, mas seguro de que vou triunfar nessa aventura após tanto sofrimento, seguro – quero crer – de que no fim descobrirei o objeto do meu desejo"(WOOLF, Virginia. "As ondas". Tradução de Lya Luft. Título original: "The waves". Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2004, p. 45/46).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Por eles

Existe uma coisa no mundo que me deixa radiante, é insubstituível e me faz esquecer todo o resto, é o sorriso, ou melhor, os sorrisos dos meus amigos, aquilo me ilumina por onde eu passo. E é por eles que eu faria tudo, exatamente tudo o que pudesse, para nunca tirarem aqueles sorrisos de seus rostos!
Às vezes eles me irritam, ou me deixam brava, mas nada disso importava, as horas de alegria, de compreensão, de abraços, festas, bebedeiras, risadas, confissões trocadas, conselhos e broncas dadas e recebidas, tudo aquilo se faz mais importante, tudo aquilo alegra meu dia.
Não imagino minha vida sem eles, nenhum deles, são como peças de um quebra-cabeça, cada um à seu modo, juntos me preenchem. E me aceitam, isso é importante, sempre fui uma pessoa de fácil convivência, procuro entender sempre o porque das atitudes de todos... acho que a convicência fica mais fácil quando você passa a entender e ser entendida.
E assim, meu jardim se completa, cuido de cada flor com muito carinho para que elas nunca murchem. Afinal, é ali que está o meu maior sorriso.

sábado, 4 de setembro de 2010

Sem razão.. ou com!

"Adoro um amor inventado"
(Cazuza)


"Ele tinha um jeito desconfiado de olhar para os outros, quando olhava. Os olhos muito azuis pareciam o reflexo do mar. Cabelos organizados e loirinhos, talvez fosse um anjo. Pouco sorria, era sério e intimidante. Visual despojado e divertido. Parecia que ele tinha alguns problemas, não era uma pessoa normal, mas estava sempre rodeado de amigos. Muito inteligente, Falava pouco e bem. Vícios, muitos vícios.
Ela era muito segura. Olhos pequenos e olhar intenso. Calada perto de muitos, faladeira perto de outros. Cabelos escuros e quase longos. Pele escura, piercings, tatuagem. Gostava de se vestir sempre espojadamente. Tinha muitos amigos, mas ao mesmo tempo selecionava pessoas. Dizia-se antipática, mas adorável. Unhas grandes, sinal de grande cuidado. Sincera, extremamente sincera. Amava música. Vícios, muitos vícios.
Seus destinos se cruzaram, seus olhares também e por instantes pertenceram um ao outro. Hoje são como estranhos, tão estranhos que as coisas mais estranhas ocorrem entre eles. Ninguém explica, ninguém consegue explicar. Tão pouco há para se explicar, como dizia Cazuza são destinos traçados na maternidade. E ninguém precisa acreditar."