quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A gente e o mundo, o mundo e a gente

Há pouco mais de um ano, eu escutava muito uma canção. Alisando uma barriga enorme, arredondada e perfeita, eu ouvia a voz rouca da cantora dizendo assim: ‘tenho pressa / que o mundo mude / de atitude / pra recebe-lo’. E eu entendia. Como eu entendia! Eu queria muito que o mundo mudasse. Para receber você. Para que quando você olhasse ao redor, com estes olhinhos amendoados e tão cheios de alegria e pureza, vê uma coisa bacana, e aprender a ter esperança. O mundo não mudou muito de lá pra cá, é bem verdade. E eu ainda queria que pra você ele fosse muito, muito melhor. Mais solidário. Menos egoísta. Mais respeitoso. Menos preconceituoso. Mais limpo. Menos apressado. Tudo aquilo que você merece, por ser esta pessoinha tão cheias de amor diante das coisas, tão vestida de esperança e de uma felicidade singela, sincera, ingênua. Mas o mundo, e disso eu acho que você sabe até melhor do que eu, não é só ao contrário – ele também é tão preenchido de coisas bacanas e delicadas que valem a pena ser vistas, e feitas, e sentidas, e experimentadas. Porque a vida, não tem jeito: ela é agora. Exato momento, nesse instante. E quando a gente vê, passou. Não dá pra esperar ficar perfeitinho, arredondado, a gente tem que viver. Do melhor jeito possível. E todos os dias você me ensina e todos os dias com você eu aprendo: que a gente faz o melhor, dá tudo o que tem, e se não for perfeito como nunca é, tudo bem. A gente faz com todo carinho, querendo acertar, querendo amar desse jeito desastrado e humano, tão humano. Porque humano é assim: falível. Feito o mundo é, a gente é também. Tem erro, e tem acerto. E tudo vale, tudo conta, tudo há de servir. Para alguma coisa, há de servir. E assim é que a gente vai experimentando o mundo, bem junto: a gente põe as mãos umas por cima das outras, as minhas de dedos magros e quase compridos e as de você tão gracioso de dedinhos gorduchos e curtos, e toca as coisas que existem. As coisas bonitas, as coisas feias, e com tudo a gente aprende um tantinho mais. Desde que seja bem junto, está tudo bem. A gente vai caminhando, olhando ao redor e olhando adiante, querendo aprender e querendo transformar. E é tanta, tanta coisa que já foi transformada. Tanta coisa mudada em mim e em tudo o que há ao redor, nas gentes todas que eu conheço e toco, e até no mundo, veja você: até no mundo. Esse bicho estranho e tão grandioso que a gente acha que não consegue mudar coisa nenhuma, e quando vê já tirou do lugar, já fez uma coisa boa, que parecia pequenina mas tem tanta importância. E como é bonito isso: que a gente mude tanta coisa, aprendendo junto. E que a gente nem precise esperar que o mundo mude de atitude, porque a gente muda. E do nosso lado de cá, vai fazendo a diferença. -- Hayana Lima 06/02/2014

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