terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

As minhas amigas



Queria escrever algo da minha autoria às pessoas que fazem meus dias mais felizes: as minhas amigas. Elas são minhas amigas, minha família, minhas filhas, minhas mães, minhas conselheiras. Por vezes, dão-me um puxão de orelhas, mas quando mais preciso e sem que lhes peça, acarinham-me e estão sempre presentes. Queria falar-lhes por palavras minhas do absoluto amor que lhes tenho, mas este poema de Vinícius de Moraes fá-lo de uma forma tão sentida e tal como eu sinto que optei por o deixar falar por mim.

Agradeço a vocês minhas queridas, por existirem e fazerem parte da minha vida. Não há dúvida que sou uma mulher de sorte! Amo-vos!


Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
pois que permite que o objeto delas
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências …
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não têm
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu,tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.

Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer …
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

(Vinícius de Moraes)

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